quinta-feira, 30 de maio de 2013

O que você precisa saber para viajar pela França de trem


Como eu disse no post anterior, adorei viajar de trem! Isso me lembrou meu tio, quando uma prima contou que visitaria a Europa, o único conselho que ele deu foi "viaje de trem!". E vale mesmo a pena! O bichinho é, na maioria das vezes, pontual, não chacoalha como carro e ônibus e costuma ser rápido. E aí a gente começa a se perguntar "por que não temos trens de passageiros no Brasil?". Mas vamos ao que  você precisa saber para viajar pela França de trem.


1. A rede de trens da França está presente em praticamente todo o país. Neste link está o mapa de trens da França e suas ligações com outros países da Europa. Claro que nem todas as regiões são atendidas pelo TGV, que são os trens de grande velocidade (Clermont mesmo não é), mas tem estação de trem em cada cidadezinha que é até difícil de acreditar! E é aí que entra a parte que eu disse antes "costuma ser rápido". Tem trens que param em milhares de cidades pelo caminho (grande parte dos trens regionais)... paradas rápidas (é verdade), o tempo do povo entrar ou sair, mas que fazem a viagem ficar um pouco mais demorada. Até porque os trens regionais não são de alta velocidade. Quer um exemplo? Você pode cruzar a França de norte a sul (1000 km) em 4h40 num TGV Lille-Marseille. Ou levar mais de 12h para fazer trajeto semelhante em um trem regional noturno (os noturnos demoram mais ainda!). 

2. Mesmo que não haja trem direto, é possível chegar em (quase) todo lugar através das conexões, ou melhor, correspondances. Quando você procura por um trajeto no site já aparecem as conexões que serão feitas e os horários, e você compra uma passagem só para todas elas. 


3. Algumas conexões são um pouco mais demoradas, mas outras são bem rapidinhas (coisa de 5-10 min.) e dá até medo de não conseguir pegar. Quando a estação é pequena, não tem erro, é rapidinho achar onde pega o outro trem. Quando é uma estação maior pode demorar um pouquinho mais. Cidade pequena = estação pequena. Todas elas são bem sinalizadas.

4. Quando o horário é mais apertado, eles já vão avisando no alto-falante do trem qual a plataforma de conexão para cada cidade.

5. Paris tem 7 estações: Austerlitz, Bercy, Est, Lyon, Montparnasse, Nord e Saint-Lazare. Cada uma delas serve uma região diferente da França. Fique atento, pois na maioria das conexões em Paris será necessário trocar de estação usando o metrô. Confira aqui o mapa do metrô de Paris e planeje sua troca. Não se esqueça que nos horários de pico pode demorar mais.


6. Dependendo do trajeto, a conexão pode ser de ônibus. Em geral, funciona tão bem quanto a de trem, não precisa ter receio.

7. As estações de trem são bem centrais e servidas por transporte público eficiente. Algumas estações de TGV ficam um pouco distante do centro.


8. A não ser nas estações bem pequenininhas, você irá encontrar cafés, lanchonetes, banca de jornal e revista, locadora de veículos e outras distrações em todas elas. Algumas estações são bem bonitas e modernas, como a estação TGV de Avignon. De maneira geral elas dão um banho nas nossas rodoviárias.


9. Ao chegar na estação, retire ou compre seu bilhete nos terminais de auto-atendimento.


10. Consulte a plataforma de embarque do seu trem no painel eletrônico. (Olha aí o painel da minha primeira viagem de trem). Fique esperto, nem sempre o seu destino é o destino final do trem, e o que aparece no painel é o destino final. Se estiver escrito À l'heure quer dizer que seu trem está no horário, senão aparece o tempo de atraso no painel.


11. Agora a parte mais importante! NÃO SE ESQUEÇA DE VALIDAR (composter) SEU BILHETE. A validação (compostage) é feita nessas maquininhas amarelas espalhadas pela estação e deve ser feita ANTES do acesso à plataforma. NÃO há máquinas na plataforma. Nem tente bancar o esperto, não validar o bilhete irá te custar uma multa a ser paga dentro do trem. Caso esqueça, ou não dê tempo, procure o fiscal (controleur) assim que entrar no trem.


12. Você não precisa apresentar o bilhete para entrar no trem, mas precisa mostrar lá dentro, na passagem do fiscal. Se tiver uma carta de descontos, ela deve ser apresentada junto com o bilhete. Se não tiver com sua carta em mãos, terá que pagar a diferença ao fiscal. Essa diferença pode ser reembolsada se você se dirigir à estação depois com o recibo e sua carta de desconto.

13. Em sua maioria, os trens são bem grandões! Tem vários vagões (voitures) e se o seu for um dos últimos, pode demorar até alcançá-lo, por isso, não fique enrolando do lado de fora. Confira o número do seu vagão no bilhete e se dirija para ele. Infelizmente não tenho nenhuma foto dos painéis de composition des trains, que ficam na plataforma, onde há um desenho do trem com os números dos vagões e a posição (letra) da plataforma onde eles vão parar (mas peguei uma na net). Se for pegar um TGV, procure por esse painel da plataforma, pois os TGVs são sempre grandes. Se for um trem pequeno, eles nem mostram esse painel.

Foto tirada desse link
14. Em alguns trens, a reserva de assentos não é obrigatória e você pode se sentar onde quiser.

15. Os trens são confortáveis, pelo menos foi o que eu achei. Verdade que os bancos não costumam ser reclináveis, mas eu achava bem espaçoso e não fica chacoalhando como na estrada (a solução de todos os problemas daqueles que enjoam). Só fique atento na hora de escolher para não pegar uma assento na direção contrária da que o trem vai, pois tem gente que acha desconfortável.



16. É possível levar bicicleta e animais nos trens (eu achei isso o máximo!).


17. Em alguns assentos tem mesinhas e tomadas e eu aproveitava sempre pra ir escrevendo algum post (não adiantou muito, estou atrasada até hoje!).


18. Alguns caminhos são meio sem graça, mas tem outros bem bonitinhos.


19. E você ainda pode cruzar com o clone do Harry Potter (não resisti a colocar essa foto!)


Aproveite as dicas e boa viagem!


4 comentários:

  1. Obrigado por sua dedicação no blog! Tenho uma dúvida! Se eu optar por imprimir os bilhetes em casa, com esse bilhete, eu consigo validar na máquina, mesmo o formato do bilhete sendo diferente do obtido nas máquinas diretamente? Obrigado desde já!

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  2. Oi Roberto, eu creio que os bilhetes que são impressos em casa não precisam ser validados, mas precisa dar uma confirmada!

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  3. Oi Roberto, desculpe pela demora na resposta. Acabei de confirmar no site da SNCF e realmente não precisa validar o bilhete impresso em casa. É só apresentá-lo no trem. No caso de optar por retirar na loja, na estação, pode ser retirado em qualquer cidade. Em ambos os casos deverá apresentar o cartão bancário utilizado na compra, isto é, precisa dele para retirar seu bilhete na loja ou precisará apresentá-lo no trem junto com o bilhete impresso em casa. Abraços!

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  4. Oi Carol, Estou indo para Clermont fazer um doutorado sanduíche e estou adorando seu blog :). Você sabe como é para tirar o cartão de descontos do trem? preciso ter um endereço na França ou posso ir comprando ele desde o Brasil? Obrigada!

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